terça-feira, 21 de abril de 2009

A escola forma gente para o futuro ou para passado?

Idealizada pelo Robson Freire, editor do blog Caldeirão de idéias esta blogagem coletiva propõe refletir sobre a questão "A escola forma gente pro futuro ou pro passado?

Penso que uma pergunta é essencial para responder à essa questão: Pra que serve o conhecimento produzido pela escola?

Várias poderiam ser as respostas, mas penso que duas basicamente, possam demonstrar a dicotomia existente entre educar para o passado ou educar para o futuro.

O conhecimento produzido pela escola é um pacote de informações que o sujeito precisa para passar de ano, no vestibular, conseguir uma vaga em um concurso público e preparar-se pra concorrência brutal presente nas sociedades modernas.

Se esta é a era da informação talvez esse professor estivesse à beira de perder seu espaço. Ou seja, ele foi muito útil quando detinha o controle de boa parte das informações. Hoje esse controle não mais faz sentido, uma vez que está em todo lugar. Se antes já não não fazia, ainda menos, agora.

Ou...

O conhecimento produzido pela escola capacita o indivíduo para viver em sociedade - seja no campo ou na metrópole - respeitar as diferenças, dominar saberes teóricos, técnicos, humanos, ser crítico, criativo, autônomo, flexível, tolerante e utilizar-se desse conhecimento visando seu aprimoramento, o progresso e o bem estar das pessoas.

Educar nesse sentido, significa desenvolver no indivíduo competências que não sejam necessariamente competências vinculadas à perspectiva de mercado que domina hoje toda a sociedade. Mas que seja capaz de produzir um esforço coordenado entre competências, informações e novos saberes e onde o trabalho coletivo, solidário e ético possa mudar os rumos do planeta. Nessa mesma linha, a escola deve valorizar o conhecimento cotidiano, pois este conhecimento provoca rupturas na escola. Não devem ser conhecimentos marginais e turísticos, mas centrais dentro do currículo.

Mudanças que não são simples e que dispendem esforço concentrado de vários segmentos da sociedade, por isso tão difíceis devido à burocratização do ensino. Começar. Ser o pássaro que leva gotas de água no bico para apagar o incêndio talvez seja, ainda, a opção mais consciente.

5 comentários:

Robson Freire disse...

Olá Elis

Que colocação primoroso a sua nessa postagem. É exatamente isso a escola precisa primeiro saber como ela quer ser para saber como será a epoca em que ela vai estar.

Somente definindo o papel de cada um nesse enredo complicado, e que poderemos saber para onde vamos.

Abraços

Robson Freire
http://nteitaperuna.blogspot.com/

Sérgio F. Lima disse...

Opa Elisângela,

Mesmo tendo claro qual ( e para que serve) o conhecimento da Escola, ainda ficamos com a questão se o que se está fazendo/construindo na mesma é adequado para o que se declara (LDBs, Legislações e etc).

Eu tenho sérias dúvidas se, sequer, estamos fazendo o que se propões na LDB!

Há impedimentos estruturais (salários, planos de carreira, estrutura de funcinamento e etc)...

E de formação, mas isto jé outra história!

Mas é sempre legal termos mais e mais pessoas, do chão da Escola, refletindo sobre isto :-)

abs

Jenny Horta disse...

Seguir as propostas da LDB já é um bom começo! Temos muito o que fazer e é trabalho de formiguinha...
Excelente texto!Muita coisa boa tem sido feita por aío. Não podemos também achar que tudo já não presta. Você nos mostra muito do que há de bom na inclusão e isso é super animador!

Elis Zampieri disse...

Oi Sérgio, isso tudo não é outra história. Isso tudo é parte importante da complexa estrutura escolar e educacional. Ou seja, a tão almejada mudança está condicionada à todos estes fatores. Penso que o investimento no profissional da educação é o mais urgente. Como você também mencionou a questão do professor horista que sequer cria vínculo com a instituição...acho isso uma questão de extrema relevância. Quanto à questão de estarmos ou não cumprindo o que propõe a LDb, não saberia te responder, o que temos são alguns indicativos de que isto não está ocorrendo da forma como deveria. Posso te dizer que conheço um pouco da minha realidade, educação especial e desta posso te afirmar com certeza que muito do que a LDB propõe com relação à inclusão, por exemplo, não está sendo cumprido. Estes alunos estão tendo garantida (ainda que via ministério público) sua vaga, têm o acesso mas não a permanência ou a permanência com qualidade e isso é uma pista de que a escola não está educando as futuras gerações, penso que educar para o futuro tem muito a ver com esta questão mais ética e humana, afinal foram séculos de uma educação que preconizou um tipo de conhecimento que não foi capaz de frear o preconceito, o racismo, a intolerância, a ganância, etc, etc. Acho que o desafio que se configura agora, mais do que em outros tempos é o de a escola educar para uma convivência mais saudável e harmoniosa...Utilizar esse conhecimento de forma inteligente. Mas enfim, acho que cabe ao professor dentro da microestrutura que é a sua sala de aula, fazer o que lhe é possível com as condições que tiver, exigir,cobrar, mas não ficar esperando que as coisas aconteçam.

Acho que esse assunto tem muito a ser discutido e considerado.

Obrigado pela visita e comentário.

Elis Zampieri disse...

Oi Jenny, uma das minhas idéias é q a escola deveria debruçar-se realmente sobre a questão dos temas transversais. Acho que estes precisam estar presentes de modo curricular e não extra-curricular. Acho que assim a escola conseguirá desempenhar melhor seu papel diante das novas demandas da sociedade.

Abração e obrigado pelo incentivo, amiga.