sexta-feira, 23 de maio de 2008

Pais e Professores: Quem ensina e quem educa?

duas mãos em ato de cumprimento Pais são de marte, professores são de vênus. Recebi um texto com este título esta semana em uma reunião de pais. Discordei, embora perceba que de fato existe uma forte tendência idiossincrática que coloca pais de um lado e professores de outro como se cada um fosse guiado por interesses próprios e específicos. Quem educa e quem ensina? Seria essa divisão de funções necessária? Creio que não. Penso que pais e professores precisam assumir ambos esses papéis.
Em destaque, alguns recortes do texto:
Pais querem que os filhos estejam bem preparados, professores querem que os alunos aprendam.
Eu diria: Pais e educadores devem ter como objetivo formar filhos e alunos bem preparados para a vida, respeitando suas possibilidades. Muitos destes talvez não atinjam os níveis de escolarização por nós desejados, ainda assim é necessário dotá-los de competências e habilidades de modo a prepará-los da melhor forma possível para a convivência e sobrevivência em sociedade.
É função da escola mostrar para a família as regras.
Famílias têm suas próprias regras, assim como qualquer outra organização. Isso não é função da escola. É função da escola formar o cidadão, construir conhecimentos, atitudes e valores que tornem o aluno solidário, crítico, ético e participativo.
Para formar o adulto bem preparado é preciso ser exigente.
Para formar o adulto bem preparado é preciso exigir, conscientizar, envolver, amar,conhecer, ouvir, orientar, refletir, observar, comprometer-se, auxiliar, respeitar...
Na primeira nota baixa do aluno o pai vem reclamar. Pai quer resultado mas não quer cobrança.
Discurso generalizante e reducionista. Muitos pais querem entender o que aquela nota representa e o que fazer para auxiliar os filhos. Muitos querem entender justamente para não precisarem ser cobrados pela falta de atenção com os filhos. Não são os pais que não gostam de ser cobrados, acaso professores gostam?
Em casa a criança é especial e, na escola faz parte de um grupo e precisa obedecer à regras.
Em casa e na escola a criança deve ser especial e precisa obedecer à regras.
Os pais querem o bem dos filhos, concentram-se nos desejos deles e pensam no imediato,enquanto os professores querem educar a coletividade e para o futuro.
Generalizante dos dois lados.
Pai e mãe não são amiguinhos. Eles têm papel pesado de cobrar e delimitar espaço.
Pai e mãe, além de serem amigos, devem cobrar e delimitar espaço.
Um dos maiores conflitos entre pais e professores vem da dificuldade que é para os pais ouvirem outra pessoa falar de seus filhos.
Acaso os professores conseguem essa proeza enquanto pais?
Professores não podem obrigar os alunos a querer aprender.
Nem professores, nem pais, mas ambos podem estimular a criança ao prazer da descoberta e do aprender.
Essa impossibilidade de conviverem num mesmo espaço reside na compreensão e diferenciação do que significa ser professor e ser educador, que apesar de se confundirem no cenário da escola são seres absolutamentes distintos, que habitam espaços realmente diferentes, com visões e metas igualmente diferenciadas.
Professor como mero transmissor de conhecimentos já não cabe nesta era denominada tecnológica. Para transmitir conhecimentos pura e simplesmente, convenhamos que existem recursos bem mais atrativos e instigantes.
Enquanto pais e professores habitarem espaços diferentes não haverá educação de qualidade. É necessário que estes através de um diálogo aberto possam estar em rotas paralelas e não em rotas de colisão.

2 comentários:

José Antonio Klaes Roig disse...

Oi, Elis, essa postagem sobre quem ensina e quem educa vem de encontro ao que penso, e vou, se me permitires, colocar num posto mu, destacando-a no Letra Viva. Como digo, os pais são os primeiros educadors que a criança tem, e precisam assumir seu papel tambpem social de ensinar e educar... Parabéns plo blog. Um abraço, Zé Roig.

Elis Zampieri disse...

Fique a vontade para divulgar Zé, são apenas algumas reflexões de uma mãe educadora, mas fico feliz que tenhas gostado.
Um abraço!