quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Deu Apagão na Educação

Deu apagão na educação e o Brasil ficou entre os cinco piores entre 57 países numa avaliação internacional feito pelo PISA...
Deu apagão na educação e os burocratas, fazedores de leis, esqueceram o que diz a constituição: "Educação é direito de todos"...
Deu apagão e o governo se esqueceu de investir na educação, de equipar as escolas, de remunerar de forma justa os professores...

Deu apagão na educação e a escola esqueceu de ver a diferença como sinônimo de diversidade, passando a entendê-la como oposição à igualdade...
Deu apagão na educação e os alunos deram branco na prova porque precisaram decorar o conteúdo.
Deu apagão na educação e a escola esqueceu-se que educação é para a vida, não só para passar no vestibular...
Deu apagão na educação e a escola esqueceu-se de falar da sexualidade lésbica e homossexual, da cultura cigana, das pessoas com deficiências físicas ou psíquicas, das culturas populares, do racismo. Esqueceu-se que a realidade social não é feita só do branco, do masculino, do letrado,do heterossexual, do católico...
Deu apagão na educação e a escola esqueceu de ensinar o aluno a perguntar , a duvidar, a questionar, insistindo em que dêem respostas...
Deu apagão na educação e o professor esqueceu que o trajeto, mesmo com erros, é aprendizado...
Deu apagão na educação, um apagão histórico, secular!
Ei,psiu! faz favor, acende a luz!

7 comentários:

Mário disse...

Prezada blogueira,

Creio que vc foi extremamente infeliz nessas tuas colocações. Para mim, é justamente essa visão "plural", "diversificada" que contaminou o pensamento dos educadores que vem levando a educação no Brasil para o buraco.

Repare. A "cultura cigana", defendida por você não é aquela que tira as meninas da escola depois que elas aprendem a ler e dominam quatro operações fundamentais da matemática? Acaso o sucesso dos filandenses, coreanos e canadenses, nos testes da OCDE deve-se à valorização da "diversidade", do homossexualismo e da cultura cigana? De forma alguma. O sucesso desses países nas avaliações ocorreu por estratégias outras que nada têm a ver com as defendidas nas teses "progressistas" que pululam no meio pedagógico brasileiro. Esse "progressismo" é, na verdade, um dos principais equívocos cometidos pelos educadores e aqueles que deveriam definir a política educacional no Brasil. A contaminação dos cursos de formação de professores com ideologias simplórias de viés esquerdista é uma das principais causas do fracasso da educação brasileira. Palavras vazias, preconceitos modernos que só servirão para piorar o quadro.

Elis Zampieri disse...

Caro colega, opiniões são sempre bem vindas, e ao contrário do que rezas, diversidade, no meu entender é fonte de riqueza, de aprendizado e de crescimento, por isso seu comentário continuará aqui.Mas acho que falamos de coisas diferentes. O respeito à diversidade, a qual defendo com veemência, seja ela de que natureza for, parece ser o ponto em que mais divergimos, ficando claro isso até mesmo na forma como se expressa.
É obvio que os problemas que mensionei não são causas únicas dos grandes calos educacionais, nem tive tal pretensão ao descrever essas idéias, talvez a palavra "causa" esteja até mesmo sendo usada de forma equivocada aqui. O que pretendi foi fazer uma reflexão acerca de coisas reais que vivencio todos os dias e que podem não ser as mesmas visões suas. Talvez eu fale de coisas mais práticas, já que teorizar por teorizar também pode levar ao vazio.
Falar em educação inclusiva em tempos de globalização é correr o risco de ser criticado sim, de ser visto como mais um discurso progressista ou justificado pelo viés da solidariedade. Afinal de contas numa sociedade extremamente capitalista e onde a lei do mais forte impera, marcando socialmente quem faz parte da cultura "legítima" pra que se preocupar com os excluídos?
Quem nos outorga poder de nos julgarmos culturalmente superiores a quem quer que seja? Em nome desse suposto imperialismo cultural vivemos tempos de escravidão e ditaduras que resultaram e barbáries sem precedentes...
Quem disse que a cultura cigana necessita mais do que aprender a ler, escrever e contar para sobreviverem? Não seriam excluídos apenas por não se encaixarem no padrão de uma maioria? Pois eu me nego a aceitar isso como normal...

Elis Zampieri disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mário disse...

Prezada blogueira,

Obrigado por manter o meu comentário e por estar aberta ao debate democrático.

Quem nos outorga o poder de nos julgarmos culturalmente superiores, você pergunta. Respondo. A faculdade da razão, presente em todo ser humano, independente de raça, credo ou cultura é o que permite a qualquer um construir um juízo de valor e reconhecer que aspectos de culturas variadas são sim, positivos ou negativos. Não tenho medo algum, embora isso contrarie a tendência da época, em fazer juízo de valor sobre o que quer que seja, pois sou perfeitamente capaz de julgar aquilo que traz benefícios e contribui para o crescimento das pessoas e aquilo que atenta contra a dignidade de qualquer ser humano, independemente da cultura em que viva. Não sou imparcial, não quero sê-lo e jamais o serei. Abomino essa coisa politicamente correta que se acovarda diante de atrocidades e atentados à liberdade humana em nome de certo relativismo cultural ou apologia do multiculturalismo. Se existem culturas superiores ou inferiores? É possível comparar culturas? É claro que sim! Basta repararmos nos frutos, nos produtos dessas culturas e verificarmos quais as consequências para as pessoas que nelas vivem.
Você cita um suposto "imperialismo cultural" como responsável por escravidão, ditaduras e barbárie sem precedentes. Ora, me pergunto de onde tiraste isso. Essas coisas existem desde que o mundo é mundo e com ou sem esse tal de "imperialismo cultural". A história humana, de todos os povos e culturaas é marcada pela vileza, pela infâmia e pela barbárie. Isso não novidade e nem é coisa "dos nossos tempos".

A respeito dos ciganos, por exemplo. Em momento algum aleguei que os mesmos necessitariam mais do que saber ler, escrever e contar para que sobrevivam como cultura. Mas, sem dúvida alguma, qualquer um que saiba somente ler, escrever e contar vai tomar bomba no teste do PISA, fato a que você mesma fez referência para caracterizar o apagão da educação brasileira. Adianto-me e "ouso" fazer um juízo de valor sobre essa prática milenar. Destaco que são apenas as MULHERES que são OBRIGADAS a abandonar a escola depois que aprendem a ler, escrever e contar. Não há escolha, não há liberdade. E aí se insere a minha crítica. O fato é que isso tolhe a liberdade das mulheres ciganas, e a liberdade eu, o arrogante ocidental, reconheço como valor. Assim, do mesmo modo que você fez o seu julgamento, atribuindo ao "imperialismo cultural" a origem da barbárie, eu lhe revelo também um traço cultural bárbaro, que insiste em coisificar as mulheres tolhendo-lhes a liberdade e privando-as do conhecimento e independência.

A seguir esse seu pensamento, também não caberia, portanto, a tua crítica ao "imperialismo cultural", já que toda cultura goza de imunidade, pelo que eu entendi da tua exposição do assunto.

Enfim, o que eu quis destacar é que, para um aluno brasileiro poder se sair bem no teste do PISA, pouco importa saber a respeito da cultura cigana, assim como pouco importou para os finlandeses e coreanos, respectivamente, os primeiros e segundos colocados no teste. Afinal, o teste da OCDE compreende apenas provas de ciências, matemática e escrita/leitura. Nada sobre estudo de culturas, sociologia ou história.

Se assumirmos uma postura de tudo considerar bom e legítimo, se insistirmos em matar a nossa capacidade de julgamento, que tipo de pessoas iremos formar, a não ser o tipo passivo que aquiesce diante de qualquer atrocidade em nome do império do multiculturalismo?

Penso que, antes de tudo, há de vir o ser humano. Não importa onde, nem quando, onde sua dignidade estiver sendo aviltada, cabe a denúncia e o julgamento e este com base em valores que são universais, apesar da tendência ser a de alardear que estes não existem.

Veja só, professora, que tipo de sociedade é essa a nossa, ocidental e permeada de valores judaico-cristãos. É tão ruim e atroz que é a única que promove esse exercício de auto-crítica, que se abre para a discussão das próprias mazelas! Por um momento você já questionou se vivesse num país islâmico teria toda essa liberdade para escrever o que lhe viesse à cabeça em um blog? E na China? A liberdade para a autocrítica é uma das conquistas dos malvados homens brancos europeus, veja só que coisa.

Assim, concluindo, digo que o poder de avaliar se condutas culturais são boas ou más, nos é dado pela faculdade da razão, a qual usa como critério o bem estar humano. Toda essa discussão me lembra um episódio, uma conversa que tive com uma coordenadora de colégio que trabalhava com indígenas. Ela alegava que era importante reconhecer as suas contribuições culturais. Perguntei então qual delas, o canibalismo ou o infaticídio?

Hoje, infelizmente, por conta de guerras de conquista ou confrotos entre europeus e outros povos ocorridos no passado, parece que fomos tomados por um sentimento de culpa que engendrou essa conduta acrítica em relação a outras culturas. Esquecemos, no entanto, que foi justamente a partir de nossos valores greco-judaico-cristãos que nos tornamos capazes de fazer essa autocrítica. Autocrítica, no entanto, não implica em tudo justificar em nome do respeito a outras culturas. É o que penso.

Elis Zampieri disse...

Duas coisas:
Quando escrevi sobre o apagão na educação usei o termo apagão como sinônimo de esquecimento, de vários supostos esquecimentos. Mas em nenhum momento falei que o Brasil foi mal nos testes do PISA porque a escola esqueceu de falar das minorias. Isso foi uma interpretação sua, apenas utilizei-me dessa notícia como base para minhas reflexões e para pontuar outros apagões, de forma que uma não está para explicar a outra. Note que esse texto não tem característica de um texto informativo ou jornalístico.
Uma segunda questão que coloco é que em nome da faculdade da razão me autorizo a dizer que você comete alguns equívocos na sua fala, já que em nome da razão cada um faz e fala o que achar conveniente e ao contrário do que diz, nem sempre esta usa como critério o bem estar do ser humano.
Não considero, por exemplo, que ao incluir estas culturas no currículo escolar de forma efetiva, estejamos considerando tudo como bom e legítimo, não mensionei, nem dei a aentender isso na minha fala. O problema é que suas idéias, ao que me parece, se apoiam em discursos reducionistas e generalizantes. Veja, por exemplo, quando se refere aos indígenas e cita como contribuições culturais o canibalismo e o infaticídio. Tentemos entender um pouco melhor tudo isso utilizando o discurso da alteridade, mudando a ordem das coisas. Seria como se um índio ao estudar a cultura do homem branco aprendesse apenas que homens brancos ateam fogo em índios ou espancam empregadas domésticas...É essa sua lógica?
Discordo também que fomos tomados por sentimento de culpa e que isto nos impossibilite de fazermos uma autocrítica, pelo menos eu, não me insiro aí. Vejo que a escola e o currículo são territórios férteis de produção de conhecimentos e identidades culturais . O que se percebe, no entanto é que quem detém o poder impõe ao mundo suas representações. Desta forma, contesto suas afirmações quando diz que existem culturas superiores, existem sim, culturas que detém maior poder. Para enfatizar essa superioridade você alega que basta ver os produtos dessas culturas e verificamos quais as consequências para as pessoas que nela vivem...De fato, um país que concentra expectativas de ser uma das maiores potências no século XXI, continua a sofrer com a miséria, com a fome e com a desigualdade social.
Quando falo do apagão na educação não me refiro só a números, a dados. Falo também de uma escola que deve lutar pela humanização da educação,de uma escola que precisa resgatar as culturas silenciadas, e aí falo de uma diferença que não é sinônimo de inferioridade. Esta seja talvez a única maneira de criticar formas de poder que transformam pessoas iguais a nós em outros aos quais chamamos de exóticos, deficientes, incapazes, inferiores.
Me parecem um pouco contraditórias suas declarações: ao mesmo tempo que assume-se como cultura superior, alega que o mais importante é o ser humano? Superioridade na ótica que discutimos supõe domínio, controle,intimidação, intolerância, o que me parece não combinar muito com respeito ao ser humano.
Mas continuemos cada qual com suas verdades, com suas razões...De minha parte concluo aqui.

Elis Zampieri disse...

Duas coisas:
Quando escrevi sobre o apagão na educação usei o termo apagão como sinônimo de esquecimento, de vários supostos esquecimentos. Mas em nenhum momento falei que o Brasil foi mal nos testes do PISA porque a escola esqueceu de falar das minorias. Isso foi uma interpretação sua, apenas utilizei-me dessa notícia como base para minhas reflexões e para pontuar outros apagões, de forma que uma não está para explicar a outra. Note que esse texto não tem característica de um texto informativo ou jornalístico.
Uma segunda questão que coloco é que em nome da faculdade da razão me autorizo a dizer que você comete alguns equívocos na sua fala, já que em nome da razão cada um faz e fala o que achar conveniente e ao contrário do que diz, nem sempre esta usa como critério o bem estar do ser humano.
Não considero, por exemplo, que ao incluir estas culturas no currículo escolar de forma efetiva, estejamos considerando tudo como bom e legítimo, não mensionei, nem dei a aentender isso na minha fala. O problema é que suas idéias, ao que me parece, se apoiam em discursos reducionistas e generalizantes. Veja, por exemplo, quando se refere aos indígenas e cita como contribuições culturais o canibalismo e o infaticídio. Tentemos entender um pouco melhor tudo isso utilizando o discurso da alteridade, mudando a ordem das coisas. Seria como se um índio ao estudar a cultura do homem branco aprendesse apenas que homens brancos ateam fogo em índios ou espancam empregadas domésticas...É essa sua lógica?
Discordo também que fomos tomados por sentimento de culpa e que isto nos impossibilite de fazermos uma autocrítica, pelo menos eu, não me insiro aí. Vejo que a escola e o currículo são territórios férteis de produção de conhecimentos e identidades culturais . O que se percebe, no entanto é que quem detém o poder impõe ao mundo suas representações. Desta forma, contesto suas afirmações quando diz que existem culturas superiores, existem sim, culturas que detém maior poder. Para enfatizar essa superioridade você alega que basta ver os produtos dessas culturas e verificamos quais as consequências para as pessoas que nela vivem...De fato, um país que concentra expectativas de ser uma das maiores potências no século XXI, continua a sofrer com a miséria, com a fome e com a desigualdade social.
Quando falo do apagão na educação não me refiro só a números, a dados. Falo também de uma escola que deve lutar pela humanização da educação,de uma escola que precisa resgatar as culturas silenciadas, e aí falo de uma diferença que não é sinônimo de inferioridade. Esta seja talvez a única maneira de criticar formas de poder que transformam pessoas iguais a nós em outros aos quais chamamos de exóticos, deficientes, incapazes, inferiores.
Me parecem um pouco contraditórias suas declarações: ao mesmo tempo que assume-se como cultura superior, alega que o mais importante é o ser humano? Superioridade na ótica que discutimos supõe domínio, controle,intimidação, intolerância, o que me parece não combinar muito com respeito ao ser humano.
Mas continuemos cada qual com suas verdades, com suas razões...De minha parte concluo aqui.

Unknown disse...

As formas de comunicação e a relação de uma “Ação” a partir do instante em que disponibilizamos e compartilhamos informações em rede estaremos provocando o que chamamos de “Novas possibilidades”. Parece simples, mas é como estivéssemos criando links de idéias e passamos chamar se assim preferir, de “Novas fronteiras” ou Hipertexto. Tive oportunidade de poder acompanhar as etapas de comunicação e a relação exposta nestes comentários. Acreditem, pois com estas explanações provocadas levaram-me a pensar: “Essas formas oferecem crescimento constante, principalmente aqueles que estão sempre atentos nessas possibilidades”.
Para a comunicação digital especialmente a partir do uso dos relevantes meios que comunicação o hipertexto permite tais condições. Segundo a enciclopédia livre Wikipédia é um texto suporte que acopla outros textos em sua superfície cujo acesso se dá através dos links que têm a função de conectar a construção de sentido, estendendo ou complementando o texto principal. Um conceito de Hipertexto precisa abranger o campo lingüístico, já que se trata de textos.
Considerando as informações contidas neste espaço, só tenho a agradecer pela oportunidade de poder ampliar a discussão e fazer parte deste grande “texto colaborativo” e permitir novos conceitos de aprendizagem.